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Manjerico ou manjericão: um novo doce de Santo Antônio

Em Portugal, as festas populares de junho trazem rituais pré-cristãos que estão integrados ao solstício de verão no Hemisfério Norte. Assim, recuperam-se as memórias remotas ibéricas que apontam para os rituais da fertilidade com água e ervas, quase sempre ervas aromáticas, como é o caso do manjerico ou manjericão.

As devoções são marcadas pelos atos individuais nas casas, nas igrejas, nas procissões, nas comidas e nas bebidas, que fazem parte das sociabilidades dos festejos e da fé aos santos populares.

Entre os alimentos destes rituais de comensalidade, o pão é um forte símbolo ritual visto que ele é uma marca cristã. O pão, alimento de Deus, também identifica Santo Antônio, porque os pães alimentam o corpo e o espírito.

Nas festas de rua, nos arrarais, come-se muita sardinha assada na grelha, porque junho é época da boa sardinha que derrama suas gorduras sobre os pães, e recebem ainda generosos banhos de azeite de oliva e algumas rodelas de cebola, que assim fazem o melhor acepipe. E tudo acompanhado de vinho tinto, cerveja e outras bebidas.

Museu do Açúcar e Doce

Foto de Jorge Sabino

Com certeza, comer a festa é um ato de viver a fé, que traz o mesmo desejo de louvar e marcar as devoções pessoais e familiares.

Recentemente, da mesma forma que os manjericos identificam Santo Antônio, a doçaria de Lisboa interpretou os vasos com manjerico verde e cheiroso e a bandeirinha de papel com versos por meio de bolinhos que lembram essas mesmas imagens do verde e fresco manjerico.

Bolinhos, “caques” feitos de farinha de trigo, ovos, açúcar, fermento e laranja, que assim representam a base do vaso, e em cima, imitando as folhas, nata com corante culinário.

Assim, algumas vitrines das padarias e das confeitarias de Lisboa, na época das festas de junho, oferecem os manjericos na forma de doce para serem comidos, apreciados, numa nova maneira de louvar este santo tão popular e querido em Lisboa e em muitos outros lugares.

Raul Lody

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