As comidas trazem as mais notáveis memórias, e mostram e ativam símbolos de identidade e de pertencimento a um povo, a uma história e a uma cultura. E cada receita, seus sabores peculiares, e seus usos no cotidiano, nas tradições religiosas, nas festas, entre tantas maneiras de se viver os paladares, notabilizam as relações sociais, e marcam o lugar da pessoa. Assim, a comida possibilita a mais plena experiência de alteridade.
Quando em outro território tem-se a imigração por diferentes motivos, seja de ordem econômica, social ou ambiental, sem dúvida, os melhores contatos para a retomada de um sentimento de povo e nação está na comida, que reativa as referências e os símbolos do lugar.
Como exemplo destas questões da imigração, trago a cuca, um tipo de bolo guarnecido com farofa que é trazido para o Brasil pelos alemães.
A primeira característica deste bolo, kuchen, e ser levedado; e a segunda, é receber uma farofa – streusel – que pode ser usada também em biscoitos e tortas. A cuca está nas colônias alemãs e, em especial, no Sul do Brasil, como uma comida do cotidiano, e com receitas que trazem a banana, a goiaba, o coco, entre outras possibilidades. Além disso, esta farofa se popularizou em outras receitas nacionais, como é o caso do nosso tão tradicional pão doce.
RAUL LODY