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Doces tâmaras e o Ramadã

Doces tâmaras e o Ramadã

Um dos cinco pilares do islamismo é o Ramadã, período de um mês que é dedicado ao jejum, às orações, às reflexões e ao fortalecimento dos laços sociais e afetivos. E tudo isso é especialmente realizado nas refeições coletivas, logo ao anoitecer, conhecidas como “Iftar”.
Também este período do Ramadã se destaca pela retomada ou continuidade das receitas das cozinhas regionais de cada povo e cultura, faz-se desse modo uma ação de preservação da sabedoria acumulada nas memórias coletivas.

Embora o jejum seja um elemento significativo na identidade do Ramadã, é a comida, o partilhar a comida, fazer com que todos possam comer com qualidade e quantidade dentro dos princípios da ética religiosa do Islã, é o que marca e identifica a ética e a moral dos seguidores do Alcorão.
Também, marca ainda o Ramadã, o oferecimento de comida por aqueles que podem oferecer, que podem doar comida para aqueles que não teriam uma alimentação condizente neste período de forte afirmação dos muitos papéis sociais que identificam a essencialidade de ser muçulmano.

Assim, após o “Magrib”, oração noturna que precede os rituais coletivos da alimentação conhecidos por “Iftar” em que tradicionalmente esta refeição é iniciada comendo-se tâmaras desidratadas. E a partir deste momento são servidos os diferentes pratos que marcam os sistemas alimentares das populações muçulmanas no mundo.

A tâmara é uma fruta muito relacionada ao imaginário dos hábitos alimentares dos muçulmanos, sendo uma fruta provavelmente originária do norte do continente africano, que se espalhou pelo Oriente médio e pelo mundo.

Refiro-me a espécie Phoenix dactylifera, “tamar” em árabe, fruta que integra diferentes receitas e compõe diferentes cardápios. Por exemplo, na Etiópia é tradicional servir a tâmara acompanhando o café; no mundo Magrebe, esta fruta integra as muitas receitas como o cuscuz de sêmola. E ainda ela está presente na doçaria, na confeitaria e na panificação.

 

Raul Lody

Gullac: o doce do Ramadã

No mundo mulçumano, o Ramadã é uma grande celebração que dura um mês, e é dedicado ao jejum e a reflexão sobre o Alcorão, e os preceitos do Islã. O jejum diário termina quando a primeira estrela aponta no céu, e então as comidas são partilhadas como um ritual de agradecimento a Alá.

 

Foto de Jorge Sabino

 

O período do Ramadã é também dedicado a recuperação e a preparação de receitas tradicionais, conforme o terroir. Assim, é valorizado a comida e o que ela representa enquanto símbolo de natureza, de fartura e de humanidade.
Do elaborado cardápio do Ramadã, trago uma receita tradicional da Ásia Menor, Turquia, que é o gullac, este doce significa a busca e o encontro da doçura da vida.

O gullac é preparado com uma massa fina feita à base de amido de milho misturado com farinha de trigo. Esta massa é disposta em camadas que são intercaladas com nozes, e sobre a última camada são colocadas nozes, romãs, e outras frutas. Esta receita, considerada como uma das mais antigas do Império Otomano, ainda é complementada com leite e água de rosas.

 

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