Tem doce no altar de Cosme e Damião

Cosme e Damião
A tua casa cheira
Cheira cravo cheira rosa
Cheira flor de laranjeira”
(Poesia popular da Bahia)

 

Quiabo, dendê e muitos doces formam a base ritual para as comidas dos santos Cosme e Damião, também interpretados no sincretismo como os Ibejis, gêmeos nas tradições da cultura ioruba. Assim, unem-se os cultos religiosos dos santos da Igreja com os ancestrais divinizados dos ioruba, que trazem um sentido de fertilidade, de nascimento, de vida e de ancestralidade.

 

Destaque do mês - Museu do Açúcar e Doce
Foto de Jorge Sabino

 

Esses sentidos são celebrados na forma de cardápios de base africana que são marcados pelo azeite de dendê, como: acarajé, abará, xinxim de galinha, feijão de azeite, entre outras. Destaque para as comidas doces: rolete de cana de açúcar, cocadas branca e preta, bolos, rebuçados, rapadura e amoda um doce de tabuleiro feito com gergelim, farinha de mandioca e rapadura. Também uma bebida doce e artesanal que é o alúá de milho, gengibre e rapadura faz adoçar a festa de Cosme e Damião.

Ainda, quando o oferecimento ritual das comidas segue um conjunto de momentos hierarquizados, ele é chamado de caruru de preceito. Estes carurus são realizados em rituais públicos, onde geralmente se começa com uma gamela de madeira com muito caruru de quiabo, e por cima farofa de dendê, legumes cozidos entre outras comidas. Então, a gamela é colocada numa esteira, ou numa toalha, sobre o chão; e na sequência são convidados sete meninos para comer, com as mãos, toda a comida da gamela. Os demais participantes dessa obrigação cantam e louvam os santos e os orixás. Após a refeição dos meninos, que representam os santos e os Ibejis, é servido o caruru para os participantes da festa com todos os doces do cardápio votivo.

 

RAUL LODY