“Bem-casado”: Símbolos e histórias

Os doces, desde sempre, marcam uma data especial de celebração, pois o sabor doce simboliza, na maioria das culturas, a transformação de um desejo de bem querer num sabor que torna mais doce a vida. E as culturas islâmicas souberam muito bem desenvolver as técnicas de trabalhar com as diferentes massas à base de trigo, grão-de-bico, amêndoas, juntamente com o açúcar, há mais de mil anos.

Destaque para os doces o mkhabbez ou mkhrabez, tradicional biscoito argelino de amêndoas recoberto com glacê real; o lrayech, 2 biscoitos unidos por um creme e cobertos com glacê; o ftiyrat, biscoito recheado com geleia de laranja; o mlabbas, que em árabe significa estar vestido, é um doce do leste da Argélia, também coberto com glacê, mas feito com um biscoito amanteigado e recheado com amêndoas, que são servidos nas festas de casamento, noivado, circuncisão; durante o Ramadã, e nos festivais de Eid Sghir, fim do Ramadã, e Kbir.

A Argélia é famosa pela delicadeza de seus doces, é essa herança culinária chegou também até nós através da cultura Magrebe, que se difundiu através da expansão do Islã pelo mundo Ibérico, e daí chegou nas Américas.

Entretanto, um outro exemplo dessa presença Magrebe na nossa doçaria, em técnica, estilos e sabores, é a semelhança do “bem-casado” brasileiro com os doces argelinos ftiyrat, além do gâteau sablé fondant à la confiture.

Tudo isso vem para contar que cada doce tem uma história, uma tradição, um significado que vai muito além da sua receita e, na sua maioria, os doces fizeram grandes viagens até chegarem as mesas e as celebrações.

Jorge Sabino