Há uma verdadeira diáspora da doçaria tradicional, e identitária, de Portugal, que tem ganhado o mundo. Um mundo cada vez mais globalizado e dinâmico no consumo de cozinhas de diferentes povos e países, numa verdadeira ação de conhecer e de viver estas culturas.
Seguindo a taxonomia portuguesa para a sua própria produção doceira e, em destaque, entre os produtos das confeitarias, o tão conhecido e amplamente consumido pastel de nata, denominado conforme a tradição nativa de um bolo português.
Certamente a receita mais ancestral e tradicional é ainda um acervo da memória de alguns estabelecimentos de Portugal.
Contudo, o amplo consumo do pastel de nata fez com que esse bolo português passa a integrar diferentes rituais da alimentação mundial. O pastel de nata é servido para acompanhar um café, como uma sobremesa, como um presente afetivo, ou mesmo para cumprir aquele momento de gula e comer no balcão de uma confeitaria, seja um, dois ou mais pastéis de nata.
E esta história do pastel de nata começa possivelmente com o caso do bom-bocado, uma massa açucarada com creme de pastel de nata aromatizado com limão. Esta receita do século XVI está no importante documento da gastronomia portuguesa que é o livro da infanta D. Maria, no caderno dos Manjares de Leite, provavelmente orienta a receita do que conhecemos hoje como pastel de nata.
Nestes contextos do consumo da doçaria, muitas outras receitas podem se agregar ao caso exemplar da diáspora do pastel de nata português, porque os gostos e os padrões alimentares se ampliaram, e passam a compor verdadeiros cardápios de doces, cada um muito peculiar, e que certamente traduz histórias e significados memoriais de suas diferentes procedências.
O universo da doçaria tradicional apresenta muitos intercâmbios de receitas e de processos do artesanato doceiro, e que dessa maneira nos oferece novos produtos alimentares para novos consumos.
RAUL LODY