São cores, perfumes e, em especial, sabores, que remetem a nossa ampla e rica Mata Atlântica, é o encontro com o território dos cajuais. E o sabor mais marcante e identitário é o caju, nossa fruta nativa, da qual tantos preparos podem ser realizados; e, assim, valorizar este verdadeiro terroir, o terroir do caju.
Muitas bebidas ancestrais e fermentadas são feitas à base de caju, como, por exemplo, o mococoró, uma bebida dos povos tradicionais e originários do Brasil, e que marca muitos rituais e sistemas simbólicos.
Para beber o caju, enquanto uma bebida com o doce da fruta, temos a cajuína, uma formulação natural e sabor paradisíaco. Uma bebida feita do suco de caju clarificado, sem aditivos químicos.
A palavra caju-ína compõe-se do nome caju mais o sufixo ina, que designa além de produto industrializado, também produto farmacêutico.
A técnica para se fazer cajuína nasce com o químico baiano, radicado no Ceará, Rodolfo Teófilo, no século XIX, que chamou inicialmente a sua bebida de vinho seco de caju, uma bebida clarificada. Contudo, ele observa que como a bebida não era alcoólica, ele a renomeia como cajuína.
A fabricação usa a técnica da pasteurização em banho-Maria, tendo como base o mais puro, e telúrico, suco de caju, onde se adiciona uma gelatina natural para a clarificação, para então seguir o processo de filtragem; e o banho-Maria. Dessa maneira, faz-se essa bebida de identidade nordestina, a cajuína.
A cajuína é uma bebida para muitos rituais de sociabilidades, uma bebida para o bem receber, para brindar, para compor degustações com doces. Ela traz o imaginário das frutas tropicais, frutas vocacionadas para refrescar o calor.
Assim, nesses contextos de uma crescente valorização dos alimentos regionais, suas possibilidades gastronômicas, e nutricionais, é uma bebida em que se pode viver o nosso patrimônio alimentar.
Jorge Sabino