O doce vinho de caju

Há um olhar dominante para o vinho como uma bebida feita apenas a partir de diferentes tipos de castas de uvas. Contudo, ocorrem nas nossas tradições gastronômicas outros tipos de bebidas chamadas de vinhos, que são também feitos de frutas, porém muitas delas frutas de terroir brasileiro. E, entre elas, quero destacar o caju, essa fruta tropical da nossa Mata Atlântica.

O caju está presente nas manifestações da gastronomia tradicional, e é uma base de muitas e importantes expressões alimentares. O caju é uma fruta de aproveitamento total, sendo um significativo ingrediente para a doçaria; além de muitos preparos salgados. Ele tem no consumo da sua castanha uma das maneiras mais comuns, e que marca um amplo e diversificado comércio no Brasil, e em muitos outros países.
Verdadeiramente, o que chamamos de castanha é a fruta, o caju. E o seu pedúnculo, que é a parte mais carnosa, vem ganhando cada vez mais uso numa crescente interpretação gastronômica, também integrada ao entendimento de sustentabilidade.

Nesse ambiente dos muitos aproveitamentos do caju para comidas e bebidas, há também outros vinhos feitos de frutas que se integram a esta lista: vinho de jabuticaba; vinho de maçã; vinho de manga; vinho de laranja; vinho de morango; vinho de abacaxi; vinho de banana; muitos com preparações artesanais e outros produzidos de maneira industrial.

Ancestrais são as técnicas milenares de povos originários da América do Sul, que têm suas bebidas fermentadas e de uso cerimonial, geralmente criadas por processos artesanais; e, em especial, pela mastigação de sementes, ou diferentes partes de frutas e raízes, onde a saliva humana torna-se um forte elemento para o preparo dessas bebidas. Novamente, destaque para as frutas nativas e, em especial, o caju.
Assim, o caju é uma fruta que está há muito tempo na formação dos nossos sistemas alimentares e marca o nosso patrimônio alimentar.

RAUL LODY